Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância. Pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono! Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer…



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quarta-feira, 31 de outubro de 2012




Setembro. Foi em Setembro que eu nasci na consciência de quem sou. Foi em Setembro que aprendi a amar o que fica dentro, fora e além de mim. Intempestiva como as marés e saudosa como os ventos, foi em Setembro que aprendi que posso permanecer de pé mesmo se tiver lágrimas nos olhos e um coração dorido.
Setembro. Foi em Setembro que abracei as palavras pela primeira vez e foi em Setembro que decidi, na alvorada da minha infância, que seria uma escritora de coração. E foi em Setembro que me condenei a viver uma vida de papéis brancos e de caneta na mão, com as mágoas nas pontas dos dedos e a saudade infiltrada nos locais mais inóspitos da alma. Mas também foi em Setembro, numa tarde chuvosa de Setembro, que uma vez, uma única vez, me ofereci para desistir de tudo o que já tinha construído com palavras.
Foi só uma vez, acreditem em mim! Foi só uma vez, em Setembro. No calor do momento, um grito e um gesto. Um pensamento certeiro nas palavras atiradas ao ar. Foi só uma vez mas eu quase desisti das palavras por um amor maior. Foi em Setembro: os meus lábios não souberam calar o medo num beijo. E eu perguntei se devia deixar de escrever. Falava a sério, embora só o tenha dito uma vez e sem querer, porque o perguntei a alguém que me fazia viver em poesia, que era poesia, que eu amava como a poesia.
Setembro. Foi em Setembro que ganhei a consciência do fim. Foi em Setembro que aprendi que algumas pessoas não podem ficar. Que outras não querem ficar. Que a morte ou o tempo se anunciam e a nossa alma quebra. Foi em Setembro. A consciência roubou-me a felicidade. A criança morreu em mim e os contos de fadas foram morar para o horizonte distante que se tornou, entretanto, a minha maior fantasia.
Setembro. Foi em Setembro que conquistei mais um sonho. Foi em Setembro que avancei sem medos, fugindo de tudo o que me magoara. E foi em Setembro que, anos depois voltei, disposta a enfrentar tanto quanto tinha deixado para trás.
Eu nasci com a alma de Setembro porque foi nos muitos Setembros da vida que eu aprendi a rir, a chorar, a sofrer, a amar, a seguir. E é por isso que o velho calendário na parede marca sempre o mesmo mês, como se o tempo se suspendesse nas memórias que ali guardei.
Setembro. O meu Setembro de fel e amargura. O meu Setembro de felicidade e contentamento. Sim! Foi em Setembro. Foi em Setembro que eu me tornei tudo o que sou!